segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A escuridão, o caruru e a função social (um pouco de intimidade)

No final da noite do dia 3, oito Estados do Nordeste ficaram cerca de três horas sem energia elétrica. Serviços básicos, como sinalização de cruzamentos e hospitais, tiveram o funcionamento prejudicado, o que atingiu a população. Em Sergipe, uma mulher morreu salvando os dois filhos pequenos quando a casa pegou fogo por causa de uma vela.

Não dá para ver, mas sou eu e meu pai;
mamis estava na cozinha em outra etapa
Apesar destas notícias tristes, o escuro tem uma função social. É nele, nos cinemas, que muitos namoros começam. É durante um blackout que vizinhos se aproximam. O que achei engraçadíssima foi a quantidade de gente que simplesmente foi pra portaria do condomínio no apagão. Vizinhos que dificilmente você vê (ok, estava escuro, continuou difícil de ver), estavam lá na portaria, com outros vizinhos que nunca haviam se visto. Hoje, eles passam, se cumprimentam, batem papo ... (Já notou que todo mundo apaga a luz para dormir, mas, quando falta energia, ninguém dorme?)

Quem também tem a função social de aproximar pessoas é o caruru. Sim, aquele prato que ou você ama, ou você odeia, feito com quiabo, camarão, castanha, amendoim ... hum, uma delícia. Ele tem uma função familiar incrível porque o troço dá um trabalho do inferno e não rola de alguém fazer sozinho. É tanto trabalho que é um prato que não dá para fazer pouco, tem que fazer um panelão, coisa de, no mínimo, uns duzentos quiabos.

Minha irmã deu uma pausa nos
quiabos para tirar foto
Pelo menos, lá em casa, é assim. Desde pequena, quando tem festa na família, a tropa se reúne pelo menos um dia antes para começar. Sim, tem que ser no mínimo um dia antes, porque você tem que cortar os quiabos em rodelas finas, tirar a cabeça do camarão, descascar (o corpo e a cabeça e não pode deixar casca, rabo e perninhas; imagina limpar dois, três quilos de camarão?), cortar tomate, cebola, coentro, cebolinha ..., dar um primeiro cozimento, passar umas paradas no liquidificador, cozinhar de novo ...

Fazer caruru lá em casa é sinal de farra em família. Como foi na noite do apagão, quando estávamos fazendo caruru para a colação de grau de meu papis. É, aos 64 anos de idade, ele se formou em Ciências Contábeis (ele largou a faculdade quando eu era criança; aos 60 anos, passou no vestibular em 3º lugar e terminou o curso com uma das melhores notas da turma no Trabalho de Conclusão de Curso - TCC). Desta vez, não contamos com a presença de minha vóvis (que já foi pro céu), já reunimos muito mais gente (tias, primos ...), mas a farra foi garantida com muitas gargalhadas e luz de velas. Acho que é por isso que o caruru de minha mamis é tão gostoso.


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