sábado, 2 de abril de 2011
“Liberto permanece o pensamento”
13:18 | Postado por
Elisângela Valença |
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Esta frase é de um samba-enredo da escola de samba Porto da Pedra. É o samba-enredo “Preto e branco em cores”, de 2007, que fala sobre escravidão. Um amigo meu está usando no MSN há alguns dias o seguinte trecho “Liberto permanece o pensamento / Ele foi o meu alento / Quando o corpo foi prisão”. Por isso que estou aqui escrevendo.
Hoje vivi uma situação que há muito não vivia. Quer dizer, há muito não me deixava abater por situações como essa. Desde que aprendi o que é auto-estima e respeito próprio que tiro de letra qualquer situação vexatória, boto no bolso qualquer um que venha me tirar por menos. Mas, hoje, não sei o que aconteceu, esqueci de ligar as defesas. Ou é a TPM. Deve ser porque esqueço que a cada nove pessoas legais e maduras existe uma sem noção o suficiente para estragar seu dia. Ou porque estou num momento revival da adolescência e a insegurança daquela época aproveitou a porta aberta.
Redescobri minha paixão por pedalar. Até meus 17 anos de idade, vivia de bicicleta pra cima e pra baixo. Até a adolescência, com meu irmão e a molecada do bairro e, na adolescência, com minha amiga Daniela. A gente “batia as sete freguesias”, como dizia minha avó. Quando entrei na faculdade, encostei minha bicicleta. O percurso até lá era perigoso para ser feito pedalando e eu e Dani já não tínhamos mais a mesma rotina para manter os passeios de bike (a amizade continua até hoje, graças a Deus). Aí veio estágio, trabalho, comprei um carro e não me lembro a última vez que pedalei (fora a maldita bicicleta ergométrica na academia).
Mas reencontrei minha paixão. Voltei a pedalar. Ainda estou no nível ‘bicicleteira de final de semana’ e de alguns dias de manhã que consigo acordar mais cedo. Como quero adotar a bike como meio de transporte (como sempre usei na adolescência), resolvi comprar uma bicicleta melhor. Mas o dia resolveu não sorrir para mim.
Na loja, quando perguntei pelas bicicletas dobráveis, o rapaz parou no meio da loja, botou a mão na cintura e falou bem alto “ah, mas elas tem limite de peso”, tipo “não é bike de gordo”. Neste momento, todo mundo parou o que estava fazendo para olhar para mim. Acho que até o rádio da loja parou. Continuei o diálogo:
- Eu sei disso (já tinha pesquisado sobre a bike). Qual o limite desta bicicleta?
- É de 113kg (e fez uma cara de tristeza tipo ‘vamos ver outra’)
- Eu não peso isso.
- É porque eu tenho que perguntar, né, não sei quanto você pesa ...
Eu sei que era uma informação que ele precisava me dar, mas não precisava ser desse jeito sem noção. Eu não peso 113kg e me senti mal com a situação, se eu realmente pesasse mais que 113kg, não sei como reagiria. Eu ia comprar as duas bicicletas, a dobrável e a comum, fora cestinha, umas ferramentas que faltam no meu kit, alforje, e saí de mãos vazias. O que foi até bom para enxugar as lágrimas porque não agüentei chegar em casa. As lágrimas saíam sem controle. E eu nem queria chorar.
Eu me senti como me sentia na adolescência quando chegava à academia. Todo mundo olhando, como se eu não pertencesse àquele mundo, como se academia e bicicleta só pertencessem aos magros. Uma vez até ouvi de um mané “aê, gordinha, veio ficar magrinha!”. Ao que prontamente respondi “não, seu pai gosta de mim assim” (foi quando aprendi a revidar). Todo mundo enche o saco do gordo, que é para emagrecer e tal. Mas se o gordo vai cuidar da saúde, é recebido nos ambientes com chacota, com cara feia, risinhos cínicos, desleixo. Numa academia, o professor nem fez aquela entrevistazinha básica (faz atividade física, quanto tempo parada ...) e me largou na esteira por uma hora num ritmo acelerado. Uma hora porque me dispus a ficar lá este tempo e, como eu sabia mexer no equipamento, reduzi o ritmo. E ele só veio falar comigo porque passei por ele quando estava indo embora.
- Já vai? A gente não acabou ainda!
- Acabou sim.
- Está cansada, né?
- De ser feita de idiota? Sim
É difícil enfrentar o mundo. Por mais forte que a gente seja, alguém sempre acha um flanco aberto. Mas “Liberto permanece o pensamento / Ele foi o meu alento / Quando o corpo foi prisão”. Vou comprar minha bike em outra loja.
Hoje vivi uma situação que há muito não vivia. Quer dizer, há muito não me deixava abater por situações como essa. Desde que aprendi o que é auto-estima e respeito próprio que tiro de letra qualquer situação vexatória, boto no bolso qualquer um que venha me tirar por menos. Mas, hoje, não sei o que aconteceu, esqueci de ligar as defesas. Ou é a TPM. Deve ser porque esqueço que a cada nove pessoas legais e maduras existe uma sem noção o suficiente para estragar seu dia. Ou porque estou num momento revival da adolescência e a insegurança daquela época aproveitou a porta aberta.
Redescobri minha paixão por pedalar. Até meus 17 anos de idade, vivia de bicicleta pra cima e pra baixo. Até a adolescência, com meu irmão e a molecada do bairro e, na adolescência, com minha amiga Daniela. A gente “batia as sete freguesias”, como dizia minha avó. Quando entrei na faculdade, encostei minha bicicleta. O percurso até lá era perigoso para ser feito pedalando e eu e Dani já não tínhamos mais a mesma rotina para manter os passeios de bike (a amizade continua até hoje, graças a Deus). Aí veio estágio, trabalho, comprei um carro e não me lembro a última vez que pedalei (fora a maldita bicicleta ergométrica na academia).
Mas reencontrei minha paixão. Voltei a pedalar. Ainda estou no nível ‘bicicleteira de final de semana’ e de alguns dias de manhã que consigo acordar mais cedo. Como quero adotar a bike como meio de transporte (como sempre usei na adolescência), resolvi comprar uma bicicleta melhor. Mas o dia resolveu não sorrir para mim.
Na loja, quando perguntei pelas bicicletas dobráveis, o rapaz parou no meio da loja, botou a mão na cintura e falou bem alto “ah, mas elas tem limite de peso”, tipo “não é bike de gordo”. Neste momento, todo mundo parou o que estava fazendo para olhar para mim. Acho que até o rádio da loja parou. Continuei o diálogo:
- Eu sei disso (já tinha pesquisado sobre a bike). Qual o limite desta bicicleta?
- É de 113kg (e fez uma cara de tristeza tipo ‘vamos ver outra’)
- Eu não peso isso.
- É porque eu tenho que perguntar, né, não sei quanto você pesa ...
Eu sei que era uma informação que ele precisava me dar, mas não precisava ser desse jeito sem noção. Eu não peso 113kg e me senti mal com a situação, se eu realmente pesasse mais que 113kg, não sei como reagiria. Eu ia comprar as duas bicicletas, a dobrável e a comum, fora cestinha, umas ferramentas que faltam no meu kit, alforje, e saí de mãos vazias. O que foi até bom para enxugar as lágrimas porque não agüentei chegar em casa. As lágrimas saíam sem controle. E eu nem queria chorar.
Eu me senti como me sentia na adolescência quando chegava à academia. Todo mundo olhando, como se eu não pertencesse àquele mundo, como se academia e bicicleta só pertencessem aos magros. Uma vez até ouvi de um mané “aê, gordinha, veio ficar magrinha!”. Ao que prontamente respondi “não, seu pai gosta de mim assim” (foi quando aprendi a revidar). Todo mundo enche o saco do gordo, que é para emagrecer e tal. Mas se o gordo vai cuidar da saúde, é recebido nos ambientes com chacota, com cara feia, risinhos cínicos, desleixo. Numa academia, o professor nem fez aquela entrevistazinha básica (faz atividade física, quanto tempo parada ...) e me largou na esteira por uma hora num ritmo acelerado. Uma hora porque me dispus a ficar lá este tempo e, como eu sabia mexer no equipamento, reduzi o ritmo. E ele só veio falar comigo porque passei por ele quando estava indo embora.
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